Resenha: Um Acordo Pecaminoso, Série Os Ravenels de Lisa Kleypas

Resenha: Um Acordo Pecaminoso, Série Os Ravenels de Lisa Kleypas 1

📗 Título: Uma herdeira apaixonada
✍️ Autora: Lisa Kleypas
🏢 Editora: Editora Arqueiro
💳 Comprar: Amazon | R$ 22,89
Minha Avaliação: 5/5 ⭐⭐⭐⭐⭐
Avaliação Amazon: 4,8/5 ⭐⭐⭐⭐⭐

Continuando a falar sobre uma das séries mais fantásticas que existe nesse mundo romântico, hoje é a vez de Um Acordo Pecaminoso, o livro #3 da série Os Ravenels da Lisa Kleypas.

Estávamos todos ansiosos pelo momento de Pandora, a irreverente irmã Ravenel que veio ganhando destaque desde o começo da trama.

Laidy Pandora é irmã gêmea de Cassandra e são irmãs mais novas de Helen. Juntas, foram criadas por amas, empregados e governantas. Estiveram longe da sociedade e não receberam carinho e afeto de seus pais. Sua mãe era apaixonada por si mesma e por vários amores passageiros. Seu pai era durão, gostaria de ter tido mais filhos homens e nunca se apegou às filhas moças.

No primeiro livro, Um Sedutor Sem Coração, vimos que, contra todas as estatísticas, Devon tem sim um coração. Um coração enorme que transformou suas primas-heranças-falidas em uma verdadeira família, casando-se ainda com Kathleen, a jovem viúva do irmão de Pandora.

No segundo livro, Uma Noiva Para Winterborne, nos apaixonamos pelo amor de Helen e Rhys. A irmã mais velha e mais tímida e mais recatada nos surpreendeu, vivendo um romance quente para ninguém botar defeito. As gêmeas aparecem muito nesse livro também e já dava para sentir que vinha uma Pandora, super engraçada e metida em todo tipo de encrenca, por aí.

Chegou sua vez! Pandora é uma gêmea completamente diferente da irmã. Ela é irreverente, criativa, imaginativa, falante, inquieta e com ideias muito modernas e avançadas para as moças de sua época. Ah, vale dizer que Cassandra também tem seu momento de amor, no último livro, que não chegou ainda em português, mas já tem a resenha dele aqui.

Além de seu temperamento incomum, Pandora sofreu traumas na infância que a deixaram verdadeiramente estabanada, confusa e por vezes desastrada. Diferente de outras damas, ela não sabe dançar, não aprecia romances, não sonha com marido e uma vida em paz, cheia de filhos e uma casa para governar.

No primeiro livro vimos que o controle financeiro retornou à família Ravenel. O Lorde de Trenear se propôs a cuidar das irmãs e prepará-las para a Temporada Social em Londres, onde pela primeira vez elas seriam apresentadas a sociedade.

Aquilo seria um tormento sem fim na vida de Pandora, que não gostava de danças, não esperava por convite de cavalheiros e não via graça nenhuma nos assuntos banais e conversas tolas que aconteciam nos salões de bailes.

Pandora não gostava da ideia de deixar o salão e se aventurar no escuro e ainda desacompanhada. Mas ela precisava ajudar a amiga que estava em apuros, uma escapada de 5 minutos e ninguém notaria sua ausência.

Ao avistar o pequeno objeto cintilando ao chão, ela sorriu satisfeita e imediatamente abaixou-se para pegá-lo, guardá-lo e entregá-lo escondido a sua dona, que não deveria ter se ausentado do salão, muito menos sem um acompanhante.

Obviamente, ela não poderia estar mais errada com relação aos acontecimentos seguintes. Ao abaixar-se para pegar a pequena joia, atrás de um banco ornado com flores entalhadas, Pandora se viu presa ao banco. Como assim? Isso mesmo, ela não conseguia se mover. Quanto mais tentava sair, mais sentia que vestido se agarrava aos detalhes das flores e ela sentia seu vestido sendo rasgado. Quanto mais esforço fazia para voltar à posição inicial e recomeçar a saída do banco, mais ela se prendia ao banco.

Seu vestido seria arruinado. A essa altura alguém já deveria ter notado sua ausência. Sua aparência estava devastada, com suor pela testa e cabelos soltando do penteado de gala. Ela estava perdida!

Com alívio e medo, ela ouve passos se aproximando. Reza, reza muito para que seja um criado, alguém que não seja convidado do baile e não a veja nessa situação humilhante. Presa a um banco, praticamente de cabeça para baixo, em posição constrangedora.

A pessoa que se aproximou de Pandora não perdeu a chance de se divertir com a situação. Ora, não seria uma grata surpresa da vida se após se ausentar deste baile entediante Gabriel se deparasse com uma linda donzela, em apuros, precisando de sua ajuda?!

Gabriel é nada mais, nada menos do que o filho de um dos casais prediletos dos fãs de Lisa Kleypas. Seus pais, Sebastian e Evangeline, protagonizaram Pecados de Inverno, que foi o terceiro livro da coleção As Quatro Estações do Amor.

Gabriel, como já se imaginava, era lindo de morrer! Uma beleza que parecia fazer piada com a aparência alheia. Era muito mais que os olhos pudessem imaginar. Havia uma fila de donzelas desejando um motivo para falar com ele, ter sua atenção, quem sabe uma valsa juntos.

Justamente com a única dama, que parecia não querer a companhia de nenhum cavalheiro, Gabriel se viu em uma situação impossível de ser explicar. Ele demorou a entender o que uma moça, desacompanhada, estava fazendo “dentro” de um banco, meio de cabeça para baixo, presa pelo vestido. Pensou em se divertir com a situação, mas claro, ele iria tirá-la dessa situação.

De repente, mais passos se aproximam… uma dupla de cavalheiros os pega no flagra. Uma situação embaraçosa. Uma dama desacompanhada, sendo resgatada por um cavalheiro, solteiro e com péssima reputação. Isso foi o suficiente para arruinar de vez a reputação de Pandora.

Gabriel, sendo o cavalheiro que sempre foi, muito bem educado para ser leal e justo, não poderia arruinar a reputação de uma jovem dama inocente e a abandoná-la a própria sorte.

Bom, depois dessa confusão toda, Gabriel procura Devon para colocar às claras seus planos de se casar com Pandora. Ele compreende que um escândalo seria inevitável e o casamento é a única saída. Porém, parece que ninguém parou para ouvir a opinião de Pandora, que preferia morrer a se casar.

Ela sempre foi decidida a viver a solteirice. Ela tinha seu plano de negócios e o poria em prática em breve. Seria senhora do seu destino, uma mulher independente, que não precisaria de marido que a sustentasse e a controlasse, passando a viver uma vida sem graça e sem propósito.

 Gabriel não entendia como uma jovem linda e com uma cabeça que funcionava às vessas podia ser tão fascinante. Ele nunca quis se casar, ele nunca desejou essas moças sem graça que choviam em seu caminho. Mas Pandora parecia ser diferente de tudo que ele já vira. Em poucos minutos ele se imaginou controlando aquela boca atrevida e fazendo Pandora aprender boas maneiras a seu jeito. Parecia um imã que o deixava conectado a ela mesmo que ele não a quisesse.

Pandora, desesperada, tentava de todas as formas convencer Gabriel que aquilo fora um engano. Ela não iria se casar com ele, mesmo se sentindo estranha, com tipo de atração nova. Algo mudara dentro dela. Uma espécie de fascínio por aquele homem dos deuses que tentava fazer a coisa certa com a pessoa errada.

Pandora expôs a Gabriel todos seus defeitos e explicou que no mundo do conto de fadas, ela era moça que nunca sonhou em ser a princesa. Ela não poria seu futuro em jogo mesmo que precisasse ir embora da Inglaterra, seria feliz em Paris, uma vida anônima, sem prejudicar Cassandra com o escândalo de suas escolhas.

Gente, esse é um romance cheio de frases engraçadas. A Pandora é mesmo uma personagem diferente e encantadora. Sua eloquência, seu raciocínio meio torto que combina com péssimo equilíbrio e senso de direção. Seu ouvido que não funciona bem e a deixa mais zonza do que o normal. Tudo é excepcional. Uma leitura divertida e cheia de amor.

Sabemos pouco de Gabriel. Mas o suficiente par notar que ele é um mocinho cheio de escrúpulos, inteligente, bem intencionado e que vai fazer chover amor na vida de Pandora.

Devon Ravenel, como chefe da família, resolve pedir a Pandora uma semana de prazo, antes de uma decisão. Uma semana que as duas famílias teriam juntas, um tempo para se conhecerem, sem a pressão da sociedade. Gabriel os convidou a passar uma semana em sua Casa de Campo, onde atividades ao ar livre, passeios à praia e quem sabe, um pouco de intimidade, os fariam enxergar que o amor estava batendo às portas.

Pandora não entendia o porquê era tão difícil a todos aceitar que ela não queria se casar. Ela não iria entregar seu futuro a um marido que iria fazer o que bem entendesse com ele.

Gabriel, por sua vez, não entendia o pavor que aquela jovem dama tinha da ideia do casamento. Ele sabia que ela era pura, inocente, criada longe da sociedade. Ouviu algumas palavras de sua boa que o fizeram compreender que a mente dela funcionava de um jeito diferente. Mas ele queria tentar. Ele teria uma semana para convencê-la que o casamento valeria a pena, apesar de tudo.

Lisa Kleypas, como sempre, construiu uma narrativa linda, com muito humor e amor. Os mocinhos se permitem se conhecer, se permitem se apaixonar.

Não foi aquele amor cego que passa por cima de tudo e todos. Foi um amor construído, sobre uma base sólida da amizade, carinho e muito respeito. Ela respeitando seu passado, que não era maculado. Ele, respeitando o futuro dela, que era promissor na área do negócios.

O drama ficou por conta de um incidente grave com Pandora, que quase matou todo mundo de susto e preocupação. Gabriel foi valente e aprendeu a amar e cuidar de sua esposa ainda mais.

A história não teve aqueeeeele desfecho de sonhos não. Ficou leve, como foi o tempo todo. O casal se cuidando e aprendendo a viver juntos, sem sufocar a intimidade de cada um.

Com a autora, aprendemos também sobre à lei de propriedades de mulheres na Inglaterra, em 1877. Quando tudo que uma esposa possuía, não importa quanto ou de onde veio, era imediatamente transferido para o marido no momento em que os votos fossem proclamados.

Por fim, vimos um pouco da personalidade forte da Dra. Garret, que vai ser a protagonista do próximo livro. A primeira médica mulher a atuar na Inglaterra promete ser uma fortaleza sem limites mas que ainda não conheceu o amor.

Espero que tenham gostado do terceiro livro dos Ravenels e se preparem que jajá tem resenha do próximo, Um Estranho Irresistível.